quinta-feira, 17 de junho de 2021

Fora do Meio - uma trama policial na capital cearense, o novo romance de Jards Nobre.



Jards Nobre é um experiente romancista cearense, autor de dois outros romances e um livro contos. É doutor da palavra e ávido leitor - um apaixonado pela língua portuguesa. Portanto, dispensa apresentação. 

Fora do Meio é seu mais novo romance. Um livro diferente de tudo que já escrevera, mas que conserva uma certa quintessência das outras obras: uma ousadia natural. O autor tem certo apreço pelo Naturalismo brasileiro, e  é essa ousadia fina que dá o tempero do seu novo livro, que me lembra qualquer coisa de Hitchcock, ou de uma construção feita pela Dama do Crime, mas com a originalidade desse quixadaense, de quem sou fã. 

Ernesto, o protagonista, sai de sua cidade do interior para descobrir o desaparecimento do irmão caçula, Dalton, que seguiu para Fortaleza no afã de encontrar fama e glamour, fugindo de segredos do passado. 

Na capital, Ernesto se depara com o mundo tão diferente do qual se acostumou no interior, de roça e monotonia. Obstinado por solucionar o sumiço, temendo pelo pior, descobre as facetas do mundo superficial da moda, da fama, da ostentação, do sexo fácil e farto, das noitadas e vida virtual, onde se perseguem milhares de likes e nascem efêmeras celebridades. Juntando pistas, o rapaz conhece ricaços, gente influente, gente boa e gente também perigosa, que explora o luxo da prostituição. 

Nesse atordoado mundo novo, é perseguido e cercado por assassinatos de todos aqueles que tentam lhe dar notícias de Dalton. Nessa rede de intrigas, Ernesto descobrirá, por fim, o que sucedeu ao irmão, surpreendendo-se também com o próprio amadurecimento e sobre em quem se transformou depois de tudo. 

É, por fim, um retrato do dilema vivido atualmente entre conciliar o mundo real e o virtual, delineando quão pode ser perigoso e vazio o almejado mundo da fama e da riqueza - um sonho perseguido por muitos. 

Hérlon Fernandes Gomes

segunda-feira, 10 de julho de 2017

"O SERTÃO É DO TAMANHO DO MUNDO"

"O sertão não tem janelas nem portas. 
E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa..."
 (Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas. p. 374)


Mata Branca é o terceiro livro de Jards Nobre, escritor quixadaense, um estudioso da linguagem e exímio observador da gente nordestina. Já havia lido os romances anteriores do autor, Curral de Pedras e Pássaros sem Canção. Li, portanto, esse novo livro de contos já vestido pelas experiências trazidas dessas outras obras.

No livro, percebe-se que a caatinga assume a posição de protagonista, a despeito de ser o cenário onde os contos se desenrolam. Tanto é que nas narrativas, poucos personagens foram nomeados, limitando o autor a chamá-los de a mulher, o homem, o cunhado, o filho mais velho, o menino... não desprezando a importância que esses seres tomam na narrativa, mas sobrelevando as características do lugar e suas influências sobre o homem ali habitante, emergindo aí a identificação do autor sertanejo com o Determinismo de Hippolyte Taine, próprio do estilo naturalista.

Identifiquei Mata Branca também com o Vidas Secas, de Graciliano Ramos, nessa mesma similitude ao deixar os filhos de Fabiano e Sinha Vitória como meninos sem nome: o menino mais novo e o menino mais velho, como a dizer que o destino dessas crianças não tivesse um marco, não fosse singular mas plural e estivesse à sorte do meio e do tempo.

O livro faz um apanhado de evolução da ocupação do sertão cearense, desde quando habitado por índios nativos até a modernidade, quando a luz da lua e do gerador foram substituídas pela energia elétrica; quando a magia dos circos mambembes e a rusticidade dos jumentos como animais de carga foram substituídos pela TV em cores e pelas motocicletas, respectivamente.

Na linguagem de Jards, chama-me à atenção sua invejável capacidade descritiva, capaz de ilustrar como poucos os seus cenários e situar o leitor em um cenário povoado de cuidadosos detalhes. Talvez essa facilidade nasça de sua capacidade de observar o ambiente onde acontecem suas histórias e guardar na memória vivências suas que o ajudam a reconstruir os seus enredos com grande carga de verossimilhança.

Penso, também, que o autor tem cada vez mais se enveredado pela trama psicológica de suas personagens, e aí reside o que mais gosto nele, como em AMORES SUJOS DE BRANCO, ANJOS e CEDO DEMAIS, meus contos preferidos, onde tragédia e paixão caminham de mãos dadas e o conflito vivido pelos protagonistas ferve em uma limitada linguagem íntima, mas que o autor amplia essa dimensão em sua gentil onisciência, sem roubar deles, no entanto, sua originalidade.

Percebo que algumas características são imanentes do autor e lhe conferem um estilo próprio, uma identidade, demonstrando que Jards já encontrou seu caminho; embora se permita algumas experimentações, como em MARCADA, o único conto que guarda uma diferenciação de linguagem e construção com os demais. Neste, Jards parece ter incorporado construções literárias, como as de Edgar Allan Poe e, cinematográficas, como de Alfred Hitchcock e Quentin Tarantino.

Por vezes eu desejei ver menos dor nas páginas de Mata Branca; por vezes eu quis ser o dono dos destinos de muitos dos personagens ali construídos. Maldisse o autor em algumas páginas como a não perdoar o destino traçado para algumas histórias, todavia contive-me e constatei que a vida nem sempre é aquilo que sonhamos e temperamos com nossas utopias. Como no sertão, a bela e rara flor de mandacaru também é cercada de espinhos.

O livro, despretensiosamente, prova que o sertão é um lugar interessante, belo; por vezes sádico; noutras, generosamente poético. Nesse espaço, gravitam as mais variadas sensações do homem, como a mostrar que o sertão é um arquétipo do mundo inteiro.


Hérlon Fernandes Gomes

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN




Estamos cansados, mas não há sono.

Não há sono, porque é pecado sonhar;

Não há sonho, quando há o que se temer.


Há luto pelo funeral de nós mesmos,

Segregados pelo horror,

Manequins doentes de vaidade,

Perfilados em vitrines automóveis.


É a apoteose da felicidade digital:

Do luxo libertador, do amor fácil e livre,

Do alcance máximo do prazer,

Onde o eterno é efêmero e descartável.



Não há olhos para a dor,

Que é indignação muda,

Dos que têm a esperança borrada de poeira,

Sangue, suor e descontentamento.




Enquanto isso, emergem os templos

Dos profetas da única salvação:

Savaguardas da moral capital,

Jurisconsultos de Deus,

Além do Bem, abaixo do vil metal.



Encoraja-me a sede

De beber o sentimento de irmandade entre os homens,

Sem muros de intolerância erguidos

Em nome de verdades relativas.




Sinto uma monstruosa fome

De ver os hipócritas pagarem suas penas,

De não ter o silêncio como amigo resignado,

De assistir ao despeito ser palco

Aos que merecem o cárcere como espetáculo.



Mas a Justiça é cega e adormecida,

O beco é escuro e suicida.

Tateamos pelas paredes da ignorância

À cata do letreiro da porta de saída.



A liberdade nasce em solo humilde,

Dela é mestra a sabedoria,

Além dos livros, tão íntima como a fé.



Colheremos seus frutos de luz

Com respeito à dignidade,

Ao amor tolerante e plural;

Pela crença no melhor do homem,

No ideal de fazê-lo pleno, justo

Hoje, amanhã e sempre.




Hérlon Fernandes Gomes


31 de Agosto de 2016

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

INTROSPECÇÃO MÍSTICA



O calor morno do sol nas costas,


O vento frio no rumo da correnteza do rio,


O espaço a se perder de vista,


Meu infinito íntimo desconhecido...


O desejo nunca pronunciado mas vivo,


O suspiro profundo e sem pressa


— Que é insatisfação, que é também contentamento.


A surpresa que não acontece e o suspense no tempo para sua chegada...


***


Minha mão acaricia o rio e já não sou o mesmo de segundos atrás.



Hérlon Fernandes Gomes
Lúmen



MYSTIC INSIGHT

The warm heat of the sun on my back,

The cold wind in the direction of the river current ,

The space to be lost sight of ,

My infinite intimate stranger ...

The desire never pronounced but alive ,

The deep breath and unhurried

- wich is dissatisfaction , which is also contentment.

The surprise is not the case and the suspense in time for its arrival ...

***

My hand caresses the river and I am no longer the same seconds ago.

Hérlon Fernandes Gomes
Lúmen

segunda-feira, 18 de abril de 2016

SABEDORIA (ἀλήθεια)



Vou estender minhas carências ao sol,

Dar de beber às minhas sedes,

Soltar os medos pelo pasto livre,

Plantar esperanças e colher alguma fé.

Ficarei em silêncio

A ouvir a oração do meu íntimo me dizer

Que minha paciência deve duelar com a angústia;

Que preciso esperar pelo inesperado

Com a casa sempre em ordem para a surpresa sem tempo.

Preciso não me incomodar com o espelho

A me denunciar que a juventude se esvai;

Mas devo me precipitar ao poço infinito da minha alma

Onde uma planta rara jamais deve envelhecer:

Quieta; para muitos, invisível;

Para outros, inatingível...

Desço com dificuldade a esse fundo insalubre,

Mas ali está ela, cheia de viço, luz

A me suplicar para que eu não enlouqueça,

A me segredar o conforto no holocausto

A me dizer o quanto sou belo.


Hérlon Fernandes Gomes

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

SELVAGEM


Eu te pedi em orações solitárias e urgentes,

Desejei ser teu em um amor para sempre.

Joguei minhas promessas no encontro dos rios,

Encomendei ao uirapuru teus olhos por fortuna.

Transmudei-me no teu corpo,

Ganhei o ritmo dos teus gestos,

Dividi-me para sentir-me completo.

***
Não há mais solidão.

No silêncio e na escuridão,

Contemplo a lembrança de nós dois.


Hérlon Fernandes Gomes

22 de Outubro de 2015.


Para meu céu azul-piscina, meu doce de Cora Coralina.


P.S.:  Encontro das águas do Rio Pacaás-Novos, de tons escuros, com o Rio Mamoré. Guajará-Mirim, Rondônia.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Buraco Negro



Estou com uma sede imorredoura, uma fome insólita, uma vontade inquieta de me identificar através da palavra; de me dissolver em frases que me organizem no papel. Talvez assim eu me veja melhor, assim eu consiga respirar aliviado e até talvez ria ou me orgulhe de mim. Pouco me preocupa o resultado. Só preciso desse parto, engasgado na prisão da mesmice das horas. Dentro de mim tudo é mais denso, com corredores de caleidoscópios, mas eu não tenho conseguido me dizer; já desisti de me decifrar. Se ao menos eu conseguisse me abrir uma fresta onde alguém, de alma quente e irmã, pusesse o olho e me observasse e depois cochichasse em meus ouvidos quais os tons das emoções que dançam em mim...
Eu preciso, sim, do olhar do outro; não necessariamente de um olhar de aprovação, basta que seja de espanto.

Hérlon Fernandes Gomes

23 de Setembro de 2015

terça-feira, 25 de agosto de 2015

LÚMEN: O arco-íris poético de um cearense que merece ser lido

Hérlon Fernandes Gomes é natural de Brejo Santo, uma pacata cidade do sul cearense, da conhecida região do Cariri, um berço de cultura do estado.
Hérlon começou a escrever seus poemas na adolescência, publicando os primeiros textos em jornais da região e periódicos do curso de Direito da Universidade Regional do Cariri, de onde obteve o diploma de Bacharel, sendo inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção Crato.
Paralelamente à carreira, o autor é amante da literatura e a literatura, pelo visto, é amante de Hérlon Fernandes. Não se explica de outra forma o perfeito arremesso das palavras do autor ao coração dos leitores de Lúmen, seu mais recente livro.
Nas palavras do romancista Jards Nobre, Mestre em Linguística e imortal da Academia Quixadaense de Letras, Lúmen é um “grandioso livro de poesia”. De fato, foi exatamente esta a sensação que tive ao terminar de ler Lúmen, livro que me foi presenteado recentemente pelo próprio Jards, a quem agradeço o privilégio de ter conhecido a obra de Hérlon Fernandes.
Fernando Pessoa disse certa vez que “quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma”. Eu diria, aproveitando-me da colocação, que as palavras da poesia de Lúmen enxergam nossa alma. Elas percorrem nossos sentidos como se fossem uma folha a percorrer suavemente as águas de um rio calmo. Parecem, por vezes, ser coisa nossa mesmo. Chega a chocar, como o fazem os praticantes da quiromancia, a perfeita interpretação dos nossos sentimentos e vida. Você não lê Lúmen, Lúmen é que lê você.
“Lúmen é tematicamente um livro que reúne o que de melhor nos legou uma sucessão de correntes de nossa poesia. Nele são cultivados temas caros à tradição poética, como o amor não concretizado, o amor carnal e a saudade, mas também se faz uma celebração da cultura nordestina, em que a chuva é consagrada e a simplicidade pode ser o segredo da felicidade”, afirmou Jards Nobre, que assinou o prefácio do livro, com o qual concordo em cada letra.
O autor de Lúmen (foto ao lado) já afirmou: “A arte não é uma vaidade do artista; ela nasce sem pedir licença, rouba-nos o sono, faz-nos abandonar o curso normal das rotinas e exige plateia. A escrita tem me dado a maior alegria que consigo por mim mesmo. Ela é meu ponto de equilíbrio, meu divã, meu vinho.”
Com alegria garanto aos leitores deste site: a arte de Hérlon Fernandes, que lhe é como vinho, vale a pena ser degustada.

Jaime Arantes, Monólitos Post - Quixadá - Ceará

sexta-feira, 24 de julho de 2015

I PUT A SPELL ON YOU


Um piano espalha um blues na noite de neblina,


Eu me pergunto por onde andarás a esta hora,


Se meu coração está abrigado no teu peito,


Se não te perderás das juras que me fizeste,


Se teus olhos não se desviarão dos meus...


Ajuda-me a suportar o peso da insegurança,


Do tempo e da distância que nos separam,


Ajuda-me a acreditar que nosso amor tudo supera,


E que teu beijo só me pertence.


Deixa que teu mar me conduza em águas calmas,


Deixa-me esquecer que um dia já fui náufrago 


Para lembrar que teus braços são agora meu porto seguro.


***


Um piano espalha um blues na noite escura, sem lua.


Só tua lembrança me ilumina.



Hérlon Fernandes Gomes

1 de Julho de 2015

Ao som de Nina Simone.





quinta-feira, 25 de junho de 2015

quarta-feira, 17 de junho de 2015

“Lúmen”: pra dizer do amor

           

           Já decretaram o fim da poesia. Já apontaram para o não-lugar da poesia na sociedade pós-moderna. Não é necessário nenhum estudo aprofundado para constatarmos o pequeno consumo de poesia no Brasil. Os desafios em publicar um livro são enormes. E não me refiro aos meios digitais e às formas de manipulação literária do presente, mas do velho e bom livro, aquele que a gente pega, folheia, cheira, põe embaixo do braço e com ele viaja, literalmente. Vez ou outra nos deparamos com gente louca, de uma loucura que é bonita e faz bem – os loucos pela literatura, que atraídos pela necessidade de escrever, rompem todas as dificuldades e, por vezes, custeiam sozinhos a publicação dos seus manuscritos. Dentre os loucos que não engavetam os seus poemas apesar dos percalços, está Hérlon Fernandes, autor de “Lúmen: entre as matizes da alma e do coração”, publicado no ano de 2014. O jovem poeta reforça o coro de que a poesia não morreu e nem está prestes a morrer. Apesar de tudo, a poesia vive.
            “Lúmen” habita muitos lugares, é feito de muitas cores e de sentimentos variados: medo, raiva, ilusão, saudade, insatisfação, tristeza, alegria, esperança, paixão. Contudo, é o amor que perpassa todo o texto. Na poesia de Hérlon o amor assume as suas múltiplas faces. O amor é evocado, muitas vezes, a partir de imagens que se opõem ou, ainda, pela negação da existência do sentimento. A presença (ausência) do amor pode ser percebida em tempos de guerra a partir de pequenas fendas por onde se avista um eu lírico dilacerado, como em “Primavera em Bagdá”, onde “o amor desaparece, corriqueiro, pela estrada” em detrimento da violência. Como amar em tempos de guerra? “Lúmen” faz o amor escorregar-se por todos os cantos, mesmo quando a ênfase recai sobre outro sentimento, vê-se a imagem do amor anunciando-se por uma fresta qualquer, fazendo-se contraste, fazendo-nos pensar para além das cinzas produzidas pelas guerras.
            “E de repente, eu me calo; eu emudeço diante da dor do mundo”. A dor do mundo é o que não tem nome, é o que não se pode dizer, é o que nos rouba a fala. E assim, “Lúmen” segue abrindo espaços para que o amor se instale ou, quem sabe, se faça perceber. A delicadeza poética de “Lúmen” reside na necessidade de sentir e de dizer, mesmo que não diga de modo explícito, deixa brechas na linguagem carregada de sentidos. “Cinzas da Guerra”, primeira parte do livro, é composto de muitos tons de cinzas que, ao serem misturados, assumem novas cores, insinua-se o nascer de uma cor que não sabemos ao certo qual é. Nessas pinceladas poéticas o homem é máquina, o rio é solitário e a canção é morna. O que “nos impede de amar” e “nos proíbe de avistar o pôr do sol” é poeira cinza que, no final, se desfaz no espaço. Para além do cinza e das cinzas de todas as guerras, o eu poético reconhece o seu lugar no mundo e, com isso, indica a “chave secreta”.
            Hérlon abre todas as portas e janelas para que, por meio delas, outras cores sejam notadas. Não basta vê-las, é preciso senti-las. Na segunda parte, o azul e as fragrâncias da alma, com todas as suas inquietudes, azul que é azul e outras cores mais, é um convite à vida e é “lembrança do mar”, fios de cor constituindo a memória, aproximando presente e passado, fios que apesar de esgarçados recuperam o afeto, lembrança daquilo que não se deixou desbotar. Azul é a cor escolhida para fazer emergir entre versos de poesia o lugar antropológico de todos nós, o sujeito e as suas raízes.
            Violetas vêm pra dizer de um amor sonhado, assim com diz o vermelho acerca de um amor vivido. Entre a violeta e o vermelho, ocres das desilusões. Nessas cores, o amor assume as suas faces de modo explícito, e o que vemos é um eu lírico que sabe dizer do amor que viu e (não) viveu. O que quer o amor? Ao dizer de um sentimento que se espraia, Hérlon responde essa indagação de diferentes modos, sobretudo por ir além do sentimentalismo, por fazer pensar sobre o amor em tempos difíceis. Falar de amor nunca será piegas – o amor que é de todos. Termino a leitura de “Lúmen” com o desejo de que “o amor cresça, sem as urgências das nossas pressas”.   


Elieudo Buriti, 16 de junho de 2015, Porto Velho/RO
* Graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará e Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Rondônia.


Fiquei extremamente lisonjeado com a crítica feita pelo amigo e professor Elieudo, um sentidor de alma, e um amante da literatura. Minha poesia se sente envaidecida de suas palavras elogiosas. 

H.F.G

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O CONCERTO DA PAIXÃO


Pingam gotas de loucura no devaneio,

O vento sopra ilusões de agonia,


O coração rasteja a sede da incompletude


E se debruça no lago da esperança,


Onde as águas são turvas de incertezas...


Mas há beleza em tudo isso:


Nos palpitares de medo também há luz,


Nas descrenças também há êxtases eternos


E promessas de manhãs ensolaradas.


***


Não se importe se toda a doçura não é pura.


A alma sabe digerir amargos desconhecidos,


Feiuras aparentemente incompatíveis 


Quando a paixão não cala.



Hérlon Fernandes Gomes