sábado, 7 de janeiro de 2012

O Medo de Amar





Como te fazer entender que não crer no amor é como permanecer numa espécie de morte em vida?


O que fazer, então, de tudo o que restou de nós? De tudo o que aconteceu e permanece vivo nas nossas saudades, a chamar, como um pedido de socorro, um pelo outro?

Que nome se dará à vontade que sinto por ti, além do gozo, que me faz querer ficar abraçado a ti durante a noite inteira?

Que alquimia faz teu gosto ser agradável ao meu paladar a qualquer hora do dia ou da noite, no despertar e no adormecer?

Dizes que em breve enjoarei de tudo isso, como um brinquedo pelo qual se perde o  encanto e, por isso, assassinas quaisquer possibilidades de felicidade duradoura...

O que faremos então com esse desejo que nos chama? Qual nome terá ele? Chamarei de angústia, chamarei de saudade até quando não nos vermos; até quando não nos encontrarmos, porque sei que depois de cinco minutos diante dos teus olhos estaremos a repetir nosso ritual de entrega, como se teu corpo fosse meu corpo, já que teu prazer tem reflexos iluminados no meu coração.

Meu discurso não é fácil, não é falso... Tua pele sabe a verdade do que sinto; teu cansaço final conhece a poesia da minha atenção.

Tenho medo de que teu medo de amar assassine tua melhor parte, estraçalhe a pureza sublime que conheci no teu despertar sonolento, no teu abraço apertado que mudamente gritava para permanecermos unidos sem tempo.

Eu vou fingir que tudo foi um instantâneo de fotografia, como esse retratos Polaroid que a gente esquece dentro de um volume perdido de enciclopédia e, quando resgatado, tem o poder de rejuvenescer toda uma existência.

Vou fingir não saber o que sentimos e, por não saber que nome dar à torrente de felicidade desses dias que ainda me encanta, dar-lhe-ei teu nome.

Hérlon Fernandes Gomes

Guajará-Mirim, Rondônia, 07 de Janeiro de 2012.

Um comentário:

  1. Eu fiquei imaginando que música colocar neste ambiente. Nâo atinei, mas certamente há várias.
    Tua escrita nos transporta para esse conflito, essa angústia pelo medo do outro. Mais que isto, ela toma forma e nos faz querer entrar na cena do casal a fim de interceder a favor do amor...até chegar o ponto final, onde se esconde o nome.
    Abraço.
    Magna

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