terça-feira, 10 de abril de 2012

RITUAL DE SINTONIA COM O SAGRADO



Fecha os olhos lentamente. Visita o interior do teu coração e abre as janelas para espantar as brumas. Reorganiza tuas lembranças, apanha os cacos de vidro – resquícios de uma tempestade indesejada, mas necessária.

Quantas vezes o inverno te visitaste quando teu coração era tropical? Quantas vezes o viajante aventureiro pouco se importou com teu jardim bem cuidado e pisoteou desleixadamente  as flores ainda orvalhadas? Ainda assim o sol continuou a brilhar, a chuva cumpriu a promessa de chegada e tuas mãos tiveram disposição e encanto para evocar e despertar novamente a primavera.

Na tua solidão, sonda tua tristeza e escolha um sonho que possa fazer sombra sobre esta. O silêncio solitário pode te contar segredos de libertação.

Ao revirar tuas saudades, procura valsar nos recantos onde teu coração aprendeu a ser feliz, para que teu desejo queira novamente reencontrar esse itinerário guardado na memória indelével da tua alma.

Queima as cartas melancólicas, humilhadas e jamais enviadas. A tristeza alimentada pode ser um rio a crescer caudalosamente  para te sufocar na frente, entre as pedras amoladas de remorsos sem porquê.

Se ainda assim naufragares, mira o azul do céu e lembra que há um Deus, que por tua fé, pode te resgatar de qualquer hecatombe.

Sempre há tempo para a novidade. Sempre há esperança para descobrir que o brilho do teu olhar vale mais que ouro e prata.

Que tua promessa de felicidade seja a oração constante nos teus lábios – o teu querer mais profundo! E que o amanhã seja a distância mais longa até a alegria desejada.


Hérlon Fernandes Gomes


Guajará-Mirim, Rondônia. 10 de Abril de 2012.

P.S.: Para Ivan Frank Bezerra de Araújo, meu amigo-irmão, que sempre me colocou no altar da mais plena esperança, mesmo quando injustamente me julgava no fundo poço. Que você seja sempre a fortaleza de auto-estima que me inspira.

Um comentário:

  1. Maravilha mesmo é poder dizer e escutar coisas tão lindas de um amigo.
    Abraço, Hérlon.
    Magna

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