terça-feira, 12 de agosto de 2008

ENSAIO SOBRE A LOUCURA

Penso que todos nós em algum momento duvidamos da própria lucidez. Estamos constantemente sendo provados, assolados por dúvidas acerca da veracidade das coisas, de fatos. Por que será que existo? Por que preciso viver esse momento? E, a questão das questões, aquela que divide toda a humanidade: Quem é Deus?
A humanidade está dividida entre os que acreditam nesse Ser e nos que ignoram totalmente a existência dessa força que tudo comanda. Os que crêem, o fazem e pronto; levam uma vida tranqüila, resignada — arriscaria dizer que até mesmo mais feliz. Os que não acreditam, pensam que esta vida é curta e, por isso, passageira — vivem impetuosamente. Mas ainda há aquele rol dos que simplesmente duvidam e tentam buscar uma resposta exata para uma pergunta que ninguém respondeu — esses geralmente acabam frustrados, são chamados de loucos e poucos dão crédito a seus comentários.
Hoje, pela manhã, assisti a um depoimento de uma astronauta sobre a emoção de ver a Terra lá de cima. Ela disse que quando estamos embaixo, temos a sensação de que nós somos o mundo, de que o que realmente importa são as nossas questões, os nossos sofrimentos e o enfrentamento diário que envolve os homens. Vendo a Terra de cima, à cerca de quatrocentos quilômetros da atmosfera, contemplando o silêncio absoluto, temos a nítida certeza de que este planeta é a única coisa que nos resta.
Abaixo desta fina camada, que se chama atmosfera, temos a vida se espalhando entre oceanos, florestas, grandes metrópoles; acima dela, apenas o vácuo! E de lá de cima é possível ver o sol se pôr e nascer dezesseis vezes, a cada uma hora e meia. Parece, pois, que alguma força incógnita, invisível, tudo comanda, misteriosamente, secretamente, constantemente... E nós, meros mortais, estamos ocupados demais em novas tecnologias, em retardar a velhice, vencer a morte.
Lá de cima, a Nave-mãe é quem assume o posto de pequenez e a paixão não correspondida de inúmeros humanos, a corrupção, a violência, a criança que acaba de nascer, uma nova espécie de flor a ser descoberta... tudo isso está alheio; pois a Terra, vista lá de cima, é única e pequena, assim como somos para tentar compreender a identidade de Deus.
O mistério da vida é o que mais me intriga. Penso que, para viver princípios harmoniosos, precisamos admitir o nosso status de pequenez e buscar aproveitar a felicidade que essa existência nos proporciona. Diante da perfeição que é o universo, nada mais nos surpreenderia e eu tenho no mistério a resposta para as questões jamais respondidas.

Hérlon Fernandes Gomes, Brejo Santo - CE.
P.S.: Publicado originalmente em 2005, na coluna que me pertencia no extinto AGENDA CARIRI.

Um comentário:

  1. Gosto de pensar nas imposições a nós colocadas. Sobre o que é certo e o que é errado. Acredito em algo maior que nós seres humanos.
    Acredito estarmos aqui para algo.
    Penso que a vida é algo grandioso demais para achar que ela acaba na morte.
    Penso no "pós-morte" como uma nova vida em algum lugar.
    Adoro esse tipo de discussão!

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