terça-feira, 2 de setembro de 2008

PREFÁCIO DE GEMINIANOS - POEMAS DE DESCOBERTA

Geminianos é o meu trabalho mais sentido. Admito sua linha egocêntrica; na verdade não sei realizar uma poesia sem assim sê-la. Ao escrever sobre mim, escrevo sobre minha maneira de enxergar as coisas do mundo e esse caminho é o que mais conheço, apesar de perder-me nas veredas de mim mesmo.
Os poemas não seguem uma linha homogênea, já que todos provêm do meu estado de humor, de espírito.
Engana-se quem pensa que o título do livro detém um mero significado esotérico. Sou um admirador da mitologia grega; coincidência por ser geminiano ou não, o mito dos irmãos Castor e Pólux emociona-me de maneira especial.
Zeus, Deus dos deuses, apaixona-se pela bela Leda, sendo esta recém-casada com Tíndaro, o herdeiro do Reino de Esparta. Sabendo das virtudes e lealdade da jovem ao seu esposo, Zeus via-se inerte diante daquele amor platônico. Para aproximar-se de Leda sem ser notado, transforma-se num belo cisne e encontra-a enquanto se banhava nua nas águas de um rio. Encantada com a singeleza do animal, toma-o no colo e acaricia-o.
Nove meses depois, Leda dá à luz dois ovos: um abrigando Castor e Helena e o outro, Pólux e Clitemnestra. Em cada ovo um filho imortal de Zeus, Helena e Pólux; enquanto os outros dois, por serem filhos de mortais, teriam apenas uma existência.
A Mortalidade resolve aproximar-se da Imortalidade. Os dois meninos, Castor e Pólux vão crescer juntos, cultivando uma vivência de amizade, respeito e extrema cumplicidade, tornando-se fortes e corajosos.
Após inúmeros intentos heróicos, os gêmeos apaixonam-se pelas irmãs Febe e Helaíra, mas as mesmas já se deixavam cortejar por Idas e Linceu, outros irmãos gêmeos. Ambiciosos pelo encantamento do amor, os filhos de Leda raptam as nubentes, instituindo a guerra de dois reinos pela posse das beldades.
No combate, Pólux mata Linceu, mas Castor é morto por Idas com um golpe de lança.
A Imortalidade não aceita viver longe da Mortalidade. Pólux inconforma-se com a perda de Castor, recorre ao pai e pede que lhe tire a imortalidade ou devolva a companhia do irmão.
Zeus, comovido com o sentimento fraterno do filho, pactua com Hades, deus do mundo inferior, Soberano dos Mortos: Pólux teria de dividir a imortalidade com Castor, alternando com este um dia de vida (no Olimpo) e um dia de morte (no submundo de Hades). Os irmãos se encontrariam uma única vez, no momento da troca de mundos.
Para jamais ser esquecida tamanha prova de fraternidade, Zeus coloca os irmãos na Constelação Gêmeos, onde nem mesmo a morte os separará.
O mito de Castor e Pólux ilustra o aspecto dualista da personalidade geminiana, vivenciando o paradoxo de ter de conviver entre a intuição (Céu) e lógica (Terra).
Pólux é no grego “muito doce”, envolve o aspecto ardiloso, mas atento e cuidadoso da face geminiana; enquanto Castor traz em si a esperteza sutil do animal que lhe dá o nome, age na espreita, na calada da noite, cultivando um lado travesso e irrequieto.
Os poemas do livro equilibram-se paradoxalmente entre os emblemas da “Face de Hades” e “Face do Olimpo”. São percepções que qualquer ser humano tem acerca da vida e da morte, a razão e o sonho, a frustração e a felicidade, o possível e o impossível, santidade e pecado, revelação e inexatidão, o óbvio e o secreto...
O Mito, aqui, é apenas uma metáfora, uma alegoria que tenta explicar esse equilíbrio entre os opostos da condição humana.

Hérlon Fernandes Gomes

Um comentário:

  1. Devo dizer que estou por demais entusiasmado com o seu livro.
    Essa passagens sobre a mosrtalidade e a imortalidade é muito interessante.
    Assim como será o seu livro!
    Abração rapaz!

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