sábado, 1 de novembro de 2008

DE VOLTA PARA CASA

Eu sou apenas isto que quero ser neste retorno. Nada me força, nada me compele a nada – é um retorno voluntário, de uma natureza que me faz conhecer qualquer caminho. As ruas estão desertas, apenas um gato preto com uma corrente gravada no pescoço me denota que existem outros humanos além de mim. Além do barulho das scanias na BR que me faz comparar minha solidão a desses caminhoneiros nessas boleias solitárias... Não, não é uma solidão mórbida, nada me causa pena – é apenas contemplativo.

Em casa, um banho finge me revigorar de todo o cigarro, de todo o álcool, de todo este momento que me pertence. As ruas estão desertas – nenhum vivente, apenas eu e essa escuridão surda; apenas eu e Deus... E tudo me preenche, e nada me põe insatisfeito... Já não escolho olhares, já não me construo em desejos que me bastariam, porque todos eles são mesquinhos. Estou me bastando, estou aprendendo a ser mais paciente, a permanecer mais no silêncio, a ouvir o que minha alma me diz sem me prometer uma receita de felicidade.Não há nenhuma emoção ruim que me contamine – eu vou dormir antes disso, eu vou fugir de qualquer feitiço, eu vou sumir de qualquer maldição...

Hérlon Fernandes Gomes

P.S: Para quem mesmo? Queria dedicar a alguém.. Dedico a você que se identifique.

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