terça-feira, 28 de dezembro de 2010

SAMBA DE UMA NOTA SÓ


Por ora, eu queria vencer o sono da madugada e poder encontrar na claridade esse objeto obscuro, que pode estar bem óbvio diante de nós e, no entanto, carrega o mimetismo do camaleão.

Queria deitar-me sobre a cama e sentir o sereno frio da noite pousar-me a pele nua para depois, sorrateiramente, arrepiar-me coberto por beijos quentes e encantar-me dessa preguiça louca de depois do amor.

Depois de tanto sonhos, de tantas vontades, concluo que deveria domar essas minhas inquietações, acostumar-me à deriva misteriosa desse barco e esperar, esperar, esperar...
Esperar que os segundos tragam um novo verniz, um novo aconchego, um riso mais perene; porque, afinal, estamos sempre na expectativa pelo inédido, por emoções que nos contem outras nuances e não façam a vida parecer um samba de uma nota só.

Hérlon Fernandes Gomes

Brejo Santo - CE, 27 de outubro de 2010.

(Dias em casa, consumindo a saudade do meu Cariri.)

Um comentário:

  1. HERLON, senti saudades e resolvi encontar você nas palavras.
    Um abraço do tamanho da Chapada do Araripe.
    Rachel Alves Gomes

    ResponderExcluir