quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

FOGO-FÁTUO


As paredes me assombram com o eco de tuas palavras,

O chão está coberto da areia dos teus sapatos

E eu tenho medo e preguiça de varrer o que restou de ti.

Os lençóis me iludem com o teu cheiro natural,

E a cama nunca foi tão grande e insone. 

Meu corpo está marcado por teus beijos e carícias, 

Arrepio-me quando me toco ao relembrar nosso ritual de amor.

***

O relógio se cansa para calcular o tempo que nos separa, 

É preferível contemplar as estrelas

A medir florestas e desertos que nos distanciam.

Ainda assim, é tudo tão vivo de presente,

É tudo tão doce e palpável 

Que esse futuro adiado me anima,

Esse destino de degredo não me desola.

Eu me cubro de esperanças,

Aceito viver de lembranças 

E me acorrento aos fantasmas que restaram de ti.


Hérlon Fernandes Gomes, Lúmen. 

P.S.: Este foi o último poema de Lúmen, uma das coisas mais verdadeiras que gostei de escrever.

3 comentários:

  1. Muito lindo e pungente seu texto. Não sei se o parabenizo ou me solidarizo... Ambos!

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  2. Poema lindo, que encanta,dando força e esperança a quem não as tinha...
    Meu abraço, Hérlon

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