terça-feira, 3 de junho de 2008

INSTANTÂNEO DE LAURA - SETEMBRO


Ela queria estar imune a qualquer lembrança desse passado – fosse boa ou ruim. O importante seria conseguir tocar seus novos rumos sem se prender entre comparações e saudades. Até mesmo os momentos bem vividos estavam contaminados desse ranço, desse senso negativo, de sensações que escondiam os sóis desse tempo. Compreendia que havia sido a grande arquiteta desse mundo de ilusões, não porque o quisesse – movida por sentimentos escravistas.
Durante muito tempo viveu o deslumbre, o verniz do encanto, que a fazia cegar as mentiras de Sérgio. Se vez por outra se sentia presa a ele, julgava-se liberta pela felicidade de sua companhia, por essa aprisionante sensação de sentir livre o coração.
Agora saíra desse casulo de mentiras. Estava ligada aos aspectos mais superficiais de si: desde o frio da pele até a contemplação de um suspiro profundo. Emergia das brumas, como se dela pudesse gerar-se uma energia que revertesse os seus azares. Já era boa essa sensação de praia após um nado de desespero. Seu passo voltava a ser firme.


Hérlon Fernandes Gomes, Brejo Santo - CE. madrugada de 04 de junho de 2008.
P.S.: Às lagartas que se julgam borboletas.

Um comentário:

  1. Gosto do sentimento de volta as sensações de vida.
    De que estamos lutando pra ser-mos outros.
    Estar de volta à vida.
    Lutar denovo por esses caminhos tortuosos.
    Quebrado o encanto, o que fica a lembrança do desencanto.
    Ela esta viva novamente.
    E que siga a vida.

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