sábado, 29 de março de 2008

BRAIN STORM - Em homenagem à Clarice Lispector


Bêbado, sem nexo, sem explicação, sem medir qualquer conseqüência, sem pensar palavras, sem acusar ninguém, sem querer se explicar... Sem querer saber o que felicita, sem nada exigir do mundo e, no entanto ,não se sentir satisfeito... Sem se descobrir, sem se sentir exato, sem se delimitar... Procurando os mesmos sinônimos... Achando-se ridículo, achando-se perdido... Quero enterrar qualquer passado que me anule, qualquer lembrança que me queira tornar inútil, qualquer lastro que me desemboque pro escuro... Sinto falta de tudo que me torne pleno, que seja inteiro, que me complete, que não me faça acostumar ao quase... Quero meus pulmões cheios, quero a quentura luminosa e agradável do sol; quero o rio que seja a paisagem que me leve à contemplação perfeita. Estou só, mas eu me basto. Eu preciso me bastar, porque minha consciência precisa encerrar um processo que me torne lúcido. Nada vai me enlouquecer, nada vai me desvirtuar, porque tudo o que eu penso precisa ensejar uma resposta calculada, algo que me entorpeça, algo que não me aprisione... Ai, essa busca maluca pela lucidez perene tem me consumido... Estou como alguém que tateia algo na escuridão em busca de uma saída, de uma explicação, de um interruptor que lhe guie até a luz... Espero o sono... E este talvez me leve a um sonho melhor do que tudo isso...

Hérlon Fernandes Gomes, Brejo Santo - CE, 29 de Março de 2008.

2 comentários:

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  2. Penso que o escuro é uma forma de auto-contemplação.
    Olhar para todos os lados e nada ver.
    Perceber-se único e suficiente.
    As vezes querendo algo que complete o que as vezes já parece completo.
    Busca de uma essência que norteia pelos caminhos solitários e as vezes incômodo.
    Será que temos que nos bastar sempre?
    Temos sentimentos que clamam por alguém para compartilhá-los, mas que também podem expulsar o que poderia estar a vir.
    Uma forma lúcida de ser insano.
    Será que existe uma lucidez plena?
    Temos que nos bastar.

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