terça-feira, 22 de abril de 2008

LIBERDADE E RAIZ - A NOVIDADE MUSICAL

O Crato sempre foi um lugar de vanguarda no cenário cultural caririense. O cratismo é um conceito evidente e palpável, ele é a magia que encanta os artistas que bebem do manancial de suas águas...
A banda Liberdade e Raiz é exemplo desse cratismo. Não seria ousado afirmar que os jovens músicos estão realizando uma revolução cultural no cenário da música cearense, da música nordestina.Vejo no trabalho deles qualquer coisa parecida com o despontar de Chico Science e Nação Zumbi a anunciarem o som do mangue; qualquer coisa ao sabor do Cordel do Fogo Encantado, saído de Arcoverde para o restante do país. Não se trata de entusiasmo barato, o elogio é gratuito e sincero. Por quê? A resposta está nesse casamento perfeito entre o universal (o reggae) e o regional (os ritmos do Nordeste). Lembro-me de um pronunciamento de Gilberto Gil ao explicar o DVD KAYA N'GAN DAYA: "Na verdade, encontrei uma espécie de similitude entre o Cangaceiro e o Rastaman. Ambos causando-me a mesma impressão de estranheza, beleza e grandeza em seus processos / projetos de vida. [...] Para um artista, músico como eu, o foco obviamente recairia sobre a música que se liga e se refere a ambos, o Cangaceiro e o Rastaman, e os associa, direta ou indiretamente, a dois dos maiores artistas da música popular do século que passou. Dois mestiços, em todos os sentidos, dois dos meus maiores ídolos: Luiz Gonzaga e Bob Marley. Gonzaga: um Cangaceiro implícito, idílico. Marley: um Rastaman explícito, real." E a grandiosidade de Gil está em reconhecer essa fusão perfeita entre os ritmos do reggae, do xaxado, do forró.
A banda
Liberdade e Raiz traz essa proposta musical. Não é mais uma banda croner a imitar o básico. Ela cria. Estou com um CD demonstrativo, com sete faixas, oferta do meu amigo Wilame Jr., guitarrista da mesma. Imperceptivelmente e coincidentemente venho acompanhando algumas apresentações da banda. Entusiasmei-me de verdade com o que ouvi deste último trabalho, notadamente o reggae O MATUTO DO SERTÃO - uma confluência de ritmos que variam do xaxado aos sons jamaicanos de Bob -, misturando o nosso folclore, elementos do nosso regionalismo, desse gosto bom do Cariri, sem deixar de ser uma crítica social à situação de muitos nordestinos oprimidos. Bons ventos guiem a banda. Talento vocês têm de sobra! Parabéns ao vocalista Canelão, que é também um poeta cult-regional da melhor estirpe! Aos arranjadores musicais, pela criatividade! Sucesso. O Cariri inteiro também tem a cara do reggae!

Hérlon Fernandes Gomes, Brejo Santo - CE, 22 de abril de 2008.

2 comentários:

  1. Ai parceiro vlw pelo comentário, vindo de você uma pessoa ligada a cultura, a música, a literatura, é mais que um elogio, é uma crítica benéfica e construtiva, vlw mesmo, abraço

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  2. boa matéria Hérlon!
    como Wilame falou, é uma crítica construtiva e benéfica. Eu realmente fiquei emocionado ao ler,porém tenho a certeza de que merecemos, a galera tá empenhada e entusiasmada, queremos fazer valer as raízes nordestinas pelo Brasil a fora. parabens pela matéria cara, muito bem elaborada. abraços..Paz..Jah bless.
    Inté.

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