Marina estava envolvida na própria vergonha, nesse sentimento que a tornava pequena. Em dias assim, conhecia o seu estado menor de pequenez, não gostava de seus reflexos diante do espelho, censurava um comentário da própria voz seca. Eram tempos ou eram situações? Ultimamente estava mergulhada nesse limbo. Agora mesmo, sentia apagar-se, pouco a pouco. Era uma sensação estranha, como se sucumbisse e pudesse impedir o processo nos momentos finalíssimos. As coisas passaram a se tornar insossas; os sentimentos passaram a não despertar emoção alguma. Ia se fechando, já não tinha noção da exuberância que exercia sobre todos.
Até quando esse desejo reprimido iria consumi-la? Já tivera vários homens, já conhecera a intimidade de vários deles, mas nenhum preenchia esse vazio dentro do seu peito. Um desejo guardado e assassinado tinha o mesmo valor de uma mentira? Sentia-se tão mal mentindo... Mas isso jamais seria uma desculpa, pois sua verdade era construída realmente em valores baseados em sentimentos justos. Estava sendo justa consigo mesma? Fazia de tudo para não perder o prumo da razão.
Apaixonara-se pelo esposo de sua melhor amiga. Sentia-se desconfortável quando pensava nessa situação, imaginava-se o próprio Judas. O mais cruel de tudo isso era ter de disfarçar, fazer de conta que tudo continuava como antes.
Não lembrava o momento em que se descobrira desejando-o, amaldiçoava esse tempo, praguejava contra si mesma e chorava esse castigo que a consumia há mais de um ano.
Todas as bocas que beijava, desde então, eram dublês de Sérgio. Todo carinho especial era acompanhado de olhos fechados imaginando Sérgio. À noite desejava sonhar com ele e pedia involuntariamente que pudesse encontrá-lo ao menos em sonhos – mas até aí enchia-se de seus princípios morais e não conseguia sequer beijá-lo.
Será que ela estava sendo traidora em simplesmente desejá-lo? Será que existiam pessoas na mesma situação? Tinha medo de contar a alguém, pois o desejo contado instiga a gente a desejá-lo mais e mais. Sérgio tinha uma presença morna. Adorava ouvir a voz grave e tímida dele. Quantas vezes, ao visitar o banheiro do casal, não cheirara camisas, toalhas e até cuecas na tentativa de descobrir uma essência mais íntima do perfume dele? Quão infantil e ridícula se tornara: uma mulher feita, dominadora como sempre fora em seus relacionamentos anteriores, agora completamente submissa a uma paixão platônica.
Não pensava mais em se entregar a sentimentos dominadores. A gente quando vai envelhecendo pensa que vai ficando imune a isso; mas de repente uma luz acende e tudo recomeça como da primeira vez. O diferencial é que aprendemos a renunciar paixões para preservar pessoas. Essa experiência nunca acontecera com ela, mas pensava assim.
Ela e Laura foram colegas desde o colegial, confidentes cegas uma da outra.
Hérlon Fernandes Gomes, 24 de Abril de 2008 - Brejo Santo - CE.
Até quando esse desejo reprimido iria consumi-la? Já tivera vários homens, já conhecera a intimidade de vários deles, mas nenhum preenchia esse vazio dentro do seu peito. Um desejo guardado e assassinado tinha o mesmo valor de uma mentira? Sentia-se tão mal mentindo... Mas isso jamais seria uma desculpa, pois sua verdade era construída realmente em valores baseados em sentimentos justos. Estava sendo justa consigo mesma? Fazia de tudo para não perder o prumo da razão.
Apaixonara-se pelo esposo de sua melhor amiga. Sentia-se desconfortável quando pensava nessa situação, imaginava-se o próprio Judas. O mais cruel de tudo isso era ter de disfarçar, fazer de conta que tudo continuava como antes.
Não lembrava o momento em que se descobrira desejando-o, amaldiçoava esse tempo, praguejava contra si mesma e chorava esse castigo que a consumia há mais de um ano.
Todas as bocas que beijava, desde então, eram dublês de Sérgio. Todo carinho especial era acompanhado de olhos fechados imaginando Sérgio. À noite desejava sonhar com ele e pedia involuntariamente que pudesse encontrá-lo ao menos em sonhos – mas até aí enchia-se de seus princípios morais e não conseguia sequer beijá-lo.
Será que ela estava sendo traidora em simplesmente desejá-lo? Será que existiam pessoas na mesma situação? Tinha medo de contar a alguém, pois o desejo contado instiga a gente a desejá-lo mais e mais. Sérgio tinha uma presença morna. Adorava ouvir a voz grave e tímida dele. Quantas vezes, ao visitar o banheiro do casal, não cheirara camisas, toalhas e até cuecas na tentativa de descobrir uma essência mais íntima do perfume dele? Quão infantil e ridícula se tornara: uma mulher feita, dominadora como sempre fora em seus relacionamentos anteriores, agora completamente submissa a uma paixão platônica.
Não pensava mais em se entregar a sentimentos dominadores. A gente quando vai envelhecendo pensa que vai ficando imune a isso; mas de repente uma luz acende e tudo recomeça como da primeira vez. O diferencial é que aprendemos a renunciar paixões para preservar pessoas. Essa experiência nunca acontecera com ela, mas pensava assim.
Ela e Laura foram colegas desde o colegial, confidentes cegas uma da outra.
Hérlon Fernandes Gomes, 24 de Abril de 2008 - Brejo Santo - CE.
Amores contidos nos fazem sonhar e desgostar um pouco do amor.
ResponderExcluirQuerer e não poder pelos fatores social e sentimental.
A dor consome àquele que não se conforma.
Porém isso também pode se transformar em um motivo pra acreditar em uma paixão.
Intuitivo.
TODAS AS VEZES QUE SINTO A NECESSIDADE DE ELEVAR A MINHA ALMA... VENHO AQUI NO SEU BLOG...
ResponderExcluirPOIS SEI QUE AQUI EU ENCONTRAREI A PAZ A LUZ E AS MAIS BELAS PALAVRAS ESCRITAS POR UM SER MARAVILHOSO... E TÃO SENSÍVEL AO PONTO DE ME DEIXAR COM O ESPÍRITO TRANQUILO... OBRIGADA QUERIDO... QUE A CADA DIA A SUA CAPACIDADE SEJA VENCIDA POR VC MESMO... BEIJOS NA ALMA .... ALMA DE POETA..