Por ora, eu queria vencer o sono da madugada e poder encontrar na claridade esse objeto obscuro, que pode estar bem óbvio diante de nós e, no entanto, carrega o mimetismo do camaleão.
Queria deitar-me sobre a cama e sentir o sereno frio da noite pousar-me a pele nua para depois, sorrateiramente, arrepiar-me coberto por beijos quentes e encantar-me dessa preguiça louca de depois do amor.
Depois de tanto sonhos, de tantas vontades, concluo que deveria domar essas minhas inquietações, acostumar-me à deriva misteriosa desse barco e esperar, esperar, esperar...
Esperar que os segundos tragam um novo verniz, um novo aconchego, um riso mais perene; porque, afinal, estamos sempre na expectativa pelo inédido, por emoções que nos contem outras nuances e não façam a vida parecer um samba de uma nota só.
Hérlon Fernandes Gomes
Brejo Santo - CE, 27 de outubro de 2010.
(Dias em casa, consumindo a saudade do meu Cariri.)