segunda-feira, 18 de abril de 2016

SABEDORIA (ἀλήθεια)



Vou estender minhas carências ao sol,

Dar de beber às minhas sedes,

Soltar os medos pelo pasto livre,

Plantar esperanças e colher alguma fé.

Ficarei em silêncio

A ouvir a oração do meu íntimo me dizer

Que minha paciência deve duelar com a angústia;

Que preciso esperar pelo inesperado

Com a casa sempre em ordem para a surpresa sem tempo.

Preciso não me incomodar com o espelho

A me denunciar que a juventude se esvai;

Mas devo me precipitar ao poço infinito da minha alma

Onde uma planta rara jamais deve envelhecer:

Quieta; para muitos, invisível;

Para outros, inatingível...

Desço com dificuldade a esse fundo insalubre,

Mas ali está ela, cheia de viço, luz

A me suplicar para que eu não enlouqueça,

A me segredar o conforto no holocausto

A me dizer o quanto sou belo.


Hérlon Fernandes Gomes