quarta-feira, 27 de julho de 2011

O BÚZIO



O BÚZIO


Estou a desenhar na praia minhas alegrias presentes,


Estou a adivinhar no horizonte um futuro de paz.


No naufrágio não afoguei minhas esperanças,


Embora confundisse o sal da minha lágrima no do infinito oceano.


Daquelas profundezas  ficaram lembranças quase esquecidas,


Desbotadas pelo calor do sol,


Encantadas pela luz de refrações enluaradas.


Sou eu agora ao acaso,


Nessa imensidão de enseada,


Ansioso por ser  escolhido


Por um olhar especial


Que me aceite singular


E me tenha por amuleto da sorte.




Hérlon Fernandes Gomes
Guajará-Mirim, Rondônia - 28 de Julho de 2011.


P.S: Para meus irmãos: Hércules, Helaine e Heloísa. Na infância, maravilhados com a quantidade de búzios gratuitos pela praia, perdemo-nos dos nossos pais, quando escolhíamos e catávamos conchas por quilômetros distraídos.

domingo, 24 de julho de 2011

EPITÁFIO A AMY WINEHOUSE (A ÚLTIMA CANÇÃO)

 

EPITÁFIO A AMY WINEHOUSE (A última canção)


Dirão dos meus excessos:
Do amor sem limites
- Maior que a mim mesma;
Do inconsequente coração
A ser fiel só a si...
Dirão de mim nos bares das madrugadas,
Num copo de uísque,
Numa desilusão sem amparo,
Num luto d’alma...
Mijarão sobre as flores do meu túmulo,
Vilipendiarão meus ossos e venderão aos hippies,
Dirão mais mentiras que verdades ao meu respeito;
Mas das minhas verdadeiras dores só eu as soube:
Distribuídas como caprichos vagabundos de um coração-kamikaze.
Não me reverenciem,
Não me sigam...
Precisei  de todos para dar vazão às minhas dores,
Precisei publicar-me porque não me continha.
Agora o luto só me pertence,
Só a mim ele é definitivo.



EPITAPH – AMY WINEHOUSE (The last song)


They will say of my excess:
Of love without limits
- Greater than myself;
They will say of the reckless heart
Loyal only to
 itself ...
They will say of me among late nights on bars,
In a glass of whiskey,
In a disappointment without support,
In a black of soul ...
They will piss on the flowers of my grave,
Steal my bones and sell them to the hippies.
They  will tell more lies than truths about me;
But of my true pain, just I
 would know:
Distributed as vagabonds vagaries from a kamikaze-heart.
Do not idolize me,
Do not follow me ...
I needed everybody  to vent my pain,
I had to publish me because I was not contained me.
Now, the black  just belongs to me,

Just to me it´s final.

Hérlon Fernandes Gomes
Guajará-Mirim, Rondônia - Brasil
23 de julho de 2011.

P.S.: Amy Winehouse foi uma poetisa contemporânea ultrarromântica, do quilate de Florbela Espanca, Arthur Rimbaud, Kurt Cobain, Jim Morrisson, Janis Joplin, Cazuza, Renato Russo... e tantos outros que amaram o amor mais que a si mesmos. Salve Amy para sempre! Forgive me for any errors in translation to english. It´s  writed originally in portuguese.





sábado, 16 de julho de 2011

Intimidade com o silêncio


Em meu silêncio, meu íntimo cantarola a melodia de um fado desconhecido e reaviva emoções tão minhas, esquecidas no rastro de uma distância continental onde elas nasceram. Respiro fundo, como impulso para que a vida me responda que está instalada em mim, para que me lembre o pulsar do meu coração, cheio do peso abstrato dessas lembranças felizes.

Olho o calendário, conto os dias... Essa fraqueza de querer voltar para casa, como se ainda não estivesse pronto a sair do ninho, mesmo com asas tão fortes...

Quando nos sentiremos efetivamente prontos para a vida? Quando, o que temos, o que somos dará a sensação de que já  é o bastante?

Tenho sedes intermináveis: do amor inconcreto e raro; da compreensão mútua dos homens. Fecho os olhos e me tenho diante do mar. Pelo horizonte, entrego meus anseios ao sabor das ondas, como mensagens em garrafas a itinerários desconhecidos, onde o portador me compreenda e talvez me resgate dessa ilha de mim que me mantém.

Neste sábado silencioso, quando a solidão se torna minha fortaleza, miro o céu, na sua profundidade mais azul de dia, e Deus me responde que nessa distância insondável não existem apenas planetas e estrelas, que minhas orações não desembocam num buraco negro do acaso.

Hérlon Fernandes Gomes

Guajrará-Mirim, Rondônia 

16 de Julho de 2011.

P.S.: Fotografia de contemplação do mar cearense.