Como te fazer entender que não crer no amor é como permanecer numa espécie de morte em vida?
O que fazer, então, de tudo
o que restou de nós? De tudo o que aconteceu e permanece vivo nas nossas
saudades, a chamar, como um pedido de socorro, um pelo outro?
Que nome se dará à vontade
que sinto por ti, além do gozo, que me faz querer ficar abraçado a ti durante a
noite inteira?
Que alquimia faz teu gosto
ser agradável ao meu paladar a qualquer hora do dia ou da noite, no despertar e
no adormecer?
Dizes que em breve enjoarei
de tudo isso, como um brinquedo pelo qual se perde o encanto e, por isso, assassinas quaisquer
possibilidades de felicidade duradoura...
O que faremos então com esse
desejo que nos chama? Qual nome terá ele? Chamarei de angústia, chamarei de
saudade até quando não nos vermos; até quando não nos encontrarmos, porque sei
que depois de cinco minutos diante dos teus olhos estaremos a repetir nosso
ritual de entrega, como se teu corpo fosse meu corpo, já que teu prazer tem
reflexos iluminados no meu coração.
Meu discurso não é fácil,
não é falso... Tua pele sabe a verdade do que sinto; teu cansaço final conhece
a poesia da minha atenção.
Tenho medo de que teu medo
de amar assassine tua melhor parte, estraçalhe a pureza sublime que conheci no
teu despertar sonolento, no teu abraço apertado que mudamente gritava para
permanecermos unidos sem tempo.
Eu vou fingir que tudo foi
um instantâneo de fotografia, como esse retratos Polaroid que a gente esquece
dentro de um volume perdido de enciclopédia e, quando resgatado, tem o poder de
rejuvenescer toda uma existência.
Vou fingir não saber o que
sentimos e, por não saber que nome dar à torrente de felicidade desses dias que
ainda me encanta, dar-lhe-ei teu nome.
Hérlon Fernandes Gomes
Guajará-Mirim, Rondônia, 07 de Janeiro de 2012.