Fecha os olhos lentamente. Visita
o interior do teu coração e abre as janelas para espantar as brumas. Reorganiza
tuas lembranças, apanha os cacos de vidro – resquícios de uma tempestade
indesejada, mas necessária.
Quantas vezes o inverno te
visitaste quando teu coração era tropical? Quantas vezes o viajante aventureiro
pouco se importou com teu jardim bem cuidado e pisoteou desleixadamente as flores ainda orvalhadas? Ainda assim o sol
continuou a brilhar, a chuva cumpriu a promessa de chegada e tuas mãos tiveram
disposição e encanto para evocar e despertar novamente a primavera.
Na tua solidão, sonda tua
tristeza e escolha um sonho que possa fazer sombra sobre esta. O silêncio
solitário pode te contar segredos de libertação.
Ao revirar tuas saudades, procura
valsar nos recantos onde teu coração aprendeu a ser feliz, para que teu desejo
queira novamente reencontrar esse itinerário guardado na memória indelével da
tua alma.
Queima as cartas melancólicas,
humilhadas e jamais enviadas. A tristeza alimentada pode ser um rio a crescer
caudalosamente para te sufocar na frente,
entre as pedras amoladas de remorsos sem porquê.
Se ainda assim naufragares, mira
o azul do céu e lembra que há um Deus, que por tua fé, pode te resgatar de
qualquer hecatombe.
Sempre há tempo para a novidade.
Sempre há esperança para descobrir que o brilho do teu olhar vale mais que ouro
e prata.
Que tua promessa de felicidade
seja a oração constante nos teus lábios – o teu querer mais profundo! E que o
amanhã seja a distância mais longa até a alegria desejada.
Hérlon Fernandes Gomes
Hérlon Fernandes Gomes
Guajará-Mirim, Rondônia. 10 de Abril de 2012.
P.S.: Para Ivan Frank Bezerra de Araújo, meu amigo-irmão, que sempre me colocou no altar da mais plena esperança, mesmo quando injustamente me julgava no fundo poço. Que você seja sempre a fortaleza de auto-estima que me inspira.