General, para quê um coração se és todo razão?
Na tua estátua de aço fundido está a imagem de tua alma
metálica,
Cheia de botões e brochuras de vaidade
Perfilada pelos que te temiam, não pelos que te admiravam.
Teus discursos só ecoaram no teu presente,
Porque o futuro te
renegou nos corações dos jovens,
Cheios do sangue vivo de liberdade.
General, teus joguetes foram planos precários
Como as placas das ruas que levam teu nome
Mas permaneceram conhecidas pelas alcunhas dadas pelo povo:
Rua da Luz, Beco da Esperança, Alameda dos Desvalidos...
Não percebias que a história contada por teus escribas era
esclerosada
E que os seixos da estrada brilhariam para sempre as vozes lúcidas
do passado?
General, a alma do homem é inalienável.
Podias convocar teu exército de mercenários,
Exigir verdades inventadas;
Podias chamar de bem a ignomínia que realizavas;
Mas não tiveste o poder de despertar a primavera!
Amaldiçoado estás pela cegueira eterna
De onde só enxergavas o vil metal.
Condenado estás a não sentir
Pois incapaz foste de acalentar-te pelo amor de um filho.
***
General, já nem lembram teu nome
- Tua placa fora
arrancada!
Estás ao relento, sob sol e chuva,
À mercê dos pombos, que não respeitam tua patente.
Hérlon Fernandes Gomes
Guajará-Mirim, Rondônia, 22 de Setembro de 2011 - Madrugada.