As paredes me assombram com o eco de tuas palavras,
O chão está coberto da areia dos teus sapatos
E eu tenho medo e preguiça de varrer o que restou de ti.
Os lençóis me iludem com o teu cheiro natural,
E a cama nunca foi tão grande e insone.
Meu corpo está marcado por teus beijos e carícias,
Arrepio-me quando me toco ao relembrar nosso ritual de amor.
***
O relógio se cansa para calcular o tempo que nos separa,
É preferível contemplar as estrelas
A medir florestas e desertos que nos distanciam.
Ainda assim, é tudo tão vivo de presente,
É tudo tão doce e palpável
Que esse futuro adiado me anima,
Esse destino de degredo não me desola.
Eu me cubro de esperanças,
Aceito viver de lembranças
E me acorrento aos fantasmas que restaram de ti.
Hérlon Fernandes Gomes, Lúmen.
P.S.: Este foi o último poema de Lúmen, uma das coisas mais verdadeiras que gostei de escrever.
Muito lindo e pungente seu texto. Não sei se o parabenizo ou me solidarizo... Ambos!
ResponderExcluirObrigado, Ana, pela visita poética! Abração!
ExcluirPoema lindo, que encanta,dando força e esperança a quem não as tinha...
ResponderExcluirMeu abraço, Hérlon