
A verdade dos fatos apagava as falsas tintas do que julgava viver. Acordava-a sonolentamente de um coma da alma. Nesses últimos meses de claustro íntimo, buscava encontrar coragem de acatar as ordens das próprias verdades. Viraria aquela página. A gente precisa sepultar passados; algumas lembranças precisam ser esquecidas – porque a morte de um sentimento é capaz de conceber essa espécie de encanto.
Ele era diferente dela. Não era adepta do ditado de que os opostos precisem se atrair e darem certo. É mentira cômoda de se acreditar. Sérgio era prático, ela gentil; um transava com tesão, ela fazia amor. Eram situações quase corriqueiras que se revelavam e descascavam o brilho do bronze. Os impulsos íntimos e primitivos de Laura alimentavam-se de sentimentos de paz; ele acreditava numa ordem própria, baseada na sua tirania, no seu discurso convincente. Ele gostava de deter tudo sob seu controle, principalmente pessoas. Com seus parceiros de negócios a mentira era uma espécie de moeda de troca... O casamento facilitou essas pistas. Ele jogava também assim com ela; mas a moeda dela revestia-se de verdade.
Seu valor seria compensado.
Hérlon Fernandes Gomes - Brejo Santo - CE. 27 de Maio de 2008.
P.S.: Para Gianini, no frio do Sudeste...
Você tem esse mecanismo especial de colocar uma sensibilidade pulsante na sua escrita. Chego a sentir na alma essas coisas que você descreve tão bem... Sou um grande admirador do que você escreve. De tempos remotos...
ResponderExcluirEla acordou do profundo sono da ilusão.
ResponderExcluirIlusão dos sentimentos que estava com raizes profundas em seu ser.
Um dia passa.
Um dia ela haveria de acordar.
Ver que o mundo não era só o que ela pensava.
A partir de agora o novo será sua "verdade".